| CRÍTICAS | The Lodge

Podia fingir que isto é um site sério e dizer que fui ver este The Lodge porque o anterior filme dos realizadores Severin Fiala e Veronika Franz, Goodnight Mommy, é um belo exemplar de terror moderno. Mas confesso que só reparei nisso depois. O que me levou a pegar em The Lodge no clube de vídeo foi um outro nome: Alicia Silverstone. Quem é que conseguiu passar os anos 90 sem se ter apaixonado pelo menos umas 50 vezes por Alicia Silverstone? Quem é que viu o teledisco do Crazy na altura e não quis fugir também com ela e a Liv Tyler?

Entretanto, Alicia Silverstone desapareceu e nós tínhamo-nos esquecido dela. Até vermos o nome no poster de The Lodge. Pois bem, aqui vai a actualização: tal como nós, Silverstone envelheceu, engordou um pouquinho de cara e tem dois filhos. Um rapaz, mais velho, Aidan (Jaeden Martell), e uma miúda, Mia (Lia McHugh, bela actriz que se fará). Mas Alicia Silverstone não está a enfrentar muito bem o divórcio com Richard (Richard Armitage).

Pois bem, a histórica com Alicia Silverstone fica-se por aqui e, resumindo e baralhando, Richard, os filhos e a sua nova namorada, Grace (Riley Keough), vão passar o natal à sua cabana no meio do nada. Tendo em conta que o filme se chama The Lodge e há um cão com nome que é referência ao Shining já podemos adivinhar no que aí vem. Exacto, cabin fever, o fenómeno psicológico que se dá nas pessoas quando passam muito tempo isoladas umas com as outras. Algo que a maioria de nós consegue perceber após um mês de confinamento às mãos da pandemia do covid-19.

Mas The Lodge não se fica por aqui. Durante todo o filme há ainda uma casa de bonecas que vai aparecendo várias vezes, o que nos poderia levar a pensar que teria alguma coisa a ver com a história, mas que afinal só mostra que os realizadores estiveram a ver Hereditário. Também há um passado mais ou menos escondido de Grace num culto religioso, que faz com que The Lodge, às tantas, expluda num frenesi católico, tão exagerado quanto despropositado. Mais gratuito que isso, só mesmo o revólver que é introduzido com um pé de cabra no argumento.

Das duas uma: ou Severin Fiala e Veronika Franz estavam a acumular clichés e elementos de terror de outros filmes para decidirem mais tarde o que usar ou estavam a faze-lo de forma a taparem os buracos do argumento, na esperança que não reparássemos neles. Tendo em conta a forma presunçosa como o filme é filmado, sempre com o mesmo plano em aproximação muito lenta e efeitos-sonoros manipulares, somos levados a crer que a resposta correcta é a primeira opção.

No final, quando percebem que The Lodge já está perdido, os realizadores tentam colar tudo com cuspo e sacam de um twist que não tem ponta por onde se pegue. Por isso, para quem veio aqui parar por causa do anterior Goodnight Mommy, este Happy Meal vai ser uma desilusão tremenda. Se vierem aqui parar por causa da Alicia Silverstone, bem…, ao menos descobriram o que é feito dela.

Título: The Lodge
Realizador: Severin Fiala & Veronika Franz
Ano: 2019

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