Toda a premissa de Attachment baseia-se na estranheza dos comportamentos bizarros e super-protectores de Sofie Gråbøl, a mãe da namorada de Josephine Park, que ela acaba de conhecer depois de se mudar para a casa de Ellie Kendrick. No entanto, isso nem sequer é o mais esquisito do filme. O mais difícil de engolir é mesmo o facto de Park e Kendrick, depois de se conhecerem fortuitamente numa biblioteca na Dinamarca e de passarem dois dias seguidos na cama, não só decidirem ir viver juntas como a segunda não tem problemas em mudar sequer de país.
Esse é só um dos vários estações que Attachment dá no argumento, enquanto que teima em se demorar em tantos outros que não aquecem nem arrefecem para o desenvolvimento ou o build up do filme. Isso faz com que nunca cremos uma verdadeira conexão com a história ou as suas personagens, acabando or o seguir só para ver onde é que vai parar e não tanto por nos importarmos com aquelas pessoas.
Josephine Park e Ellie Kendrick conhecessem-se então na Dinamarca, que a primeira decide visitar por ser a terra natal da mãe. Dois dias depois estão a mudar-se para Londres e para a casa da primeira, que ela divide com a estranha mãe. Rapidamente, Park mergulha num estranho mundo de superstição judaica, com muitos rituais e mezinhas duvidosas, que juntamente com o comportamento errático da velha, os ataques epilépticos de Park e velas que se acendem sozinhas criam um ambiente misterioso e assustador.
Mas o realizador Gabriel Bier Gislason nunca consegue interligar verdadeiramente todas essas coisas que se vão passando, havendo uma certa desassociação entre o tom do filme e o que realmente acontece. E depois não ajuda um último acto que vai desembocar numa solução demasiado fácil, retirada directamente do molde do filme de possessão. É tudo algo preguiçoso, alicerçado em lugares-comuns e mal escrito neste Happy Meal dinamarquês, produzido pela Shudder.
Título: Natten Har øjne
Realizador: Gabriel Bier Gislason
Ano: 2022