| CRÍTICAS | McQuade, O Lobo Solitário

Chuck Norris tem vários momentos lendários ao longo da sua carreira, que ajudaram a construir um dos legados mais épicos e peculiares de todo o cinema. O mais complicado é mesmo conseguir escolher qual o mais espectacular. Será Chuck Norris a lutar mano-a-mano contra Bruce Lee em pleno coliseu de Roma? Será Chuck Norris a matar um rato com os dentes, com a cabeça enfiada num saco? Ou será Chuck Norris a parar uma moto-serra com as mãos? A escolha não é fácil e é como escolher se gostamos mais do pai ou da mãe.

No entanto, se tivermos que escolher o melhor filme de Chuck Norris, nesse caso a resposta é fácil. McQuade, O Lobo Solitário é o mais espectacular deles todos. Não só por ter várias cenas memoráveis, mas por ter sido aqui que o mito começou. É que McQuade, O Lobo Solitário é o primeiro filme em que Chuck Norris deixa crescer a barba, uma entidade omnipresente, com consciência própria e personalidade jurídica. McQuade, O Lobo Solitário é um dos meus favoritos piores filme de sempre e lembro-me perfeitamente de o ter visto umas boas dezenas de vezes durante a minha infância. E sempre que o via adorava-o cada vez mais. Depois cresci, vi-o outra vez e continuei a adora-lo, mas por motivos diferentes.

Foi também este filme que deu origem à lendária série Walker, O Ranger Do Texas. Só que McQuade, O Lobo Solitário é uma espécie de Walker, O Ranger Do Texas versão spaghetti western. Neste, Chuck Norris é um ranger (o mais temível cargo ao serviço da lei) com várias camadas de pó em cima e uma faceta impiedosa e sem misericórdia dos malfeitores. Depois, o filme é ambientado em El Paso, Texas, na raia mexicana, o que ajuda a reforçar essa faceta de western spaghetti: existem planos de desertos e desfiladeiros intermináveis e existem revólveres à cintura e muitos cowboys, se bem que também há metralhadoras, jipes e carrões. McQuade, O Lobo Solitário é um neo-western spaghetti, em que os cowboys substituem os cavalos por outras montadas de ferro. E depois há ainda a banda-sonora, reminescente de O Bom, O Mau E O Vilão, com Ennio Morricone escrito por todo o lado.

Chuck Norris constrói um dos melhores action heroes de sempre. É um Chuck Norris porco, feio e mau, e é também um cowboy carniceiro, que despacha os inimigos tanto com golpes de artes marciais, como com uzis e caçadeiras de canos serrados. Depois, tem um Dodge quitado e um lobo de estimação. How cool is that?

Há ainda o argumento ridículo, mas altamente funcional, que envolve traficantes de armas internacionais, relacionamentos amorosos que só são credíveis na cabeça do argumentista e que só servem para incluir cenas românticas em câmara lenta, um anão maligno que controla o submundo do crime, um parceiro afro-americano caído do nada apenas para dizer que existe um parceiro afro-americano e outras pérolas de série B. Que podemos querer mais? É que ainda por cima há David Carradine no papel de vilão e que termina o filme num combate mano-a-mano com Chuck Norris. Um filme de sonho!

McQuade, O Lobo Solitário tem ainda um par de cenas inesquecíveis, para além desse épico confronto: Chuck Norris a ser enterrado vivo no interior do seu jipe e um cena final em que Chuck Norris se desvia das saraivadas de uma metralhadora, qual Matrix, antes de rebentar Carradine com uma granada. Consta que este tinha exigido no seu contrato que não poderia ser derrotado pro Chuck Norris num combate corpo-a-corpo e, por isso, o realizador Steve Carver encontrou este compromisso.

Se as coreografias de acção fossem tão boas como no início, este seria o action flick perfeito. É que se o filme só tivesse quinze minutos era o melhor Royale With Cheese de sempre. Mesmo assim, McQuade, O Lobo Solitário é o melhor filme de Chuck Norris. E quem sabe do que eu estou a falar sabe bem o que isso significa. E percebe o valor deste McRoyal Deluxe.

Título: Lone Wolf McQuade
Realizador: Steve Carver
Ano: 1983

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