| CRÍTICAS | Thunderbolts*

Comecemos pelo início: Thunderbolts* é capaz de ser o melhor filme da Marvel desde… sei lá quando, já perdi a conta ao fim de 35 filmes e não sei quantas séries de televisão. Certamente que é o melhor desta quinta fase, que termina precisamente aqui, entre Thunderbolts* e a estreia de O Quarteto Fantástico – Primeiros Passos.

Podemos especular sobre as razões de Thunderbolts* funcionar. Muitos vão dizer que a principal tem a ver com o facto deste ser um filme de anti-heróis mais ou menos desconhecidos e, apesar de haver alguma razão aqui, a verdade é quem é que ainda conhece os super-heróis que continuam a ser apresentados às pazadas nesta altura do campeonato? Por exemplo, quem é que conhecia os Eternos e quem é que se ainda se lembra do filme? A relação é inversamente proporcional.

Por isso, a principal razão para o (relativo) sucesso de Thunderbolts* prende-se sobretudo com a forma como se desprende de todo o edifício mastodôntico que é actualmente o Universo Cinematográfico da Marvel e que se tem tornado numa carga demasiado pesada para os filmes actuais. Quer dizer, não é cem por cento livre dessa bagagem. Basta ver logo o início, em que surgem quatro heróis (ou vilões?) tirados de três filmes diferentes e uma série televisiva, onde eram simples secundários – Yelena Belova (Florence Pugh), a irmã da falecida Viúva Negra; John Walker (Wyatt Russell), o Agente Americano que, por momentos, chegou a ser Capitão América; Taskmaster (Olga Kurylenko), que tem a mais breve presença de todas neste filme; e Ghost (Hannah John-Kamen), que já ninguém se lembra que entrava no Homem-Formiga e a Vespa.

Este é um filme sobre uma equipa de anti-heróis à semelhança de um O Esquadrão Suicida, por exemplo, em que cada um deles é um pária à sua maneira. A este grupo já mencionado (e em que, apesar de serem um heróis colectivo, sobressai Florence Pugh) junta-se ainda o Red Guardian (David Harbour, na mais irritante personagem da Marvel na actualidade, que caracteriza de forma racista o estereótipo do soviético como nem sequer os filmes dos anos 80 faziam), Bucky Barnes (Sebastian Stan) e… Bob (Lewis Pullman), que os fãs dos quadradinhos sabem que é o Sentinela e que vai ser o grande leitmotiv do filme.

No entanto, apesar de haver vilões bem definidos (e Julia Louis-Dreyfus, a Elaine de Seinfeld, é quem acaba por assumir este papel no clássico sentido do termo), Thunderbolts* é um filme sobre a saúde mental, a solidão e a importância da amizade, o que é o seu outro grande trunfo. Ou seja, com isto, a Marvel volta a ter um filme com os pés assentes na Terra, em que não é um simples sucedâneo de cenas de porrada, destruição digital e um clímax bigger than life feit em CGI e IA, e que tem realmente coisas para dizer. Não vai ganhar um Oscar, mas tendo em conta o passado recente da Marvel, isto é refrescante.

Por isso, Thunderbolts* é uma pipocada com graça, alguns momentos de humor descontraído e as obrigatórias sequências de acção para entreter, que abre então a porta para a sexta fase do Universo Cinematográfico da Marvel, que pode vir a ser interessante. *spoilers* É que estes Thunderbolts vão-se tornar nos novos Vingadores e, do outro lado, o Falcão de Anthony MacKie vai também formar os… novos Vingadores. E enquanto esperamos pelo choque de frente entre mais um enorme ensemble de estrelas super-heróis (ou será o inverso?), podemos ir saboreando este McChicken.

Título: Thuderbolts*
Realizador: Jake Schreier
Ano: 2025

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