The Medium gerou algum burburinho quando estreou, principalmente junto dos entusiastas do terror e fantástico, tendo logo recebido o epíteto de Blair Witch tailandês. Afinal de contas, The Medium é um mockumentário found footage e… é um filme tailandês. Logo, a descrição parece acertada.

Banjong Pisanthanakun ê o nome do realizador de The Medium que, juntamente com uma pequena equipa, vai fazer um documentário sobre uma espécie de xamã local. É que, na tradição tailandesa, acredita-se que certas pessoas predestinadas podem canalizar determinadas divindades e são procuradas pelos locais pelos seus poderes de cura.

Claro que a coisa vai escalar e rapidamente sair do controlo da equipa do filme, que passam também a seguir uma jovem sobrinha da xamã, que vai apresentando sintomas cada vez mais bizarros. E se estamos a falar de pessoas que incorporam divindades, então isso, no cinema de terror, só tem um nome: possessão!

Apesar de ser uma produção tailandesa, vê-se que Banjong Pisanthanakun teve uma dieta profunda de filmes ocidentais de possessões, copiando praticamente todos os códigos do género. Também a jovem Narilya Gulmongkolpech deve ter visto O Exorcista e Possessão várias vezes, para emular os mesmos movimentos. Só é pena The Medium trair a sua própria forma. É que, desde cedo, o filme desiste do formato mockumentário, abusando do campo-contra campo e das cenas demasiado preparadas.

Depois chega a uma altura em que The Medium entra num beco sem saída. Depois de esgotar todos os códigos do género, Pisanthanakun parece não saber o que fazer, entra em pânico e… atira-se ao filme de zumbis. Found footage, filme de possessão e zombie flick: The Medium tenta corporizar muita coisa ao mesmo tempo e perde a sua identidade própria e qualquer sinal do que lhe poderia conferir alguma singularidade. E, por isso, o Happy Meal até se torna difícil de terminar.

Título: Rang Song
Realizador: Banjong Pisanthanakun
Ano: 2021