Toda a gente sabe que quantas mais sequelas tiver um filme, pior ele é. A excepção é se estivermos a falar de filmes pornográficos. Ou do Sexta-Feira 13, essa verdadeira instituição do cinema de terror, que já teve 11 sequelas, uma série de televisão, um crossover com o Pesadelo em Elm Street, jogos de computador, livros e merchandise vário. E, em 2009, teve uma espécie de reboot que pretendia recomeçar a recapitalizar o franchise, mas que o descalabro de bilheteira (e da crítica) fizeram com que o fechassem numa caixa bem fechadinho e tentassem esquecer que existiu.
Mas nós não esquecemos. Nem perdoamos. Até porque Sexta-Feira 13, apesar de muita parvoíce e filme mau, é um slasher pelo qual nutrimos um certo carinho. Jason Voorhees, o assassino de máscara de hóquei e machete na mão, que derrotou inclusive Freddy Krueger, é um dos percursores do género, influenciando outra gente de bem, como Letherface, Michael Myers ou mesmo o Ghostface. E é um dos mais cool de todos, que nunca precisa de correr para apanhar as suas vítimas.
No entanto, salvo algumas referências pontuais – como o facto de utilizar as duas máscaras que lhe deram fama -, este remake/reboot/whatever de Sexta-Feira 13 tem muito pouco a ver com a série original. É um slasher juvenil, com um grupo de miúdos bem esteriotipados (o chinês charrado, o preto divertido, a cheerleader rameira, o betinho irritante…) que se aproxima muito mais da irrisão de Gritos, do que do Jason castigador, que era um tipo vingativo, mas com motivo (pelo menos no início). Também é certo que, normalmente, Jason aparecia sempre que alguém se preparava para pinar, mas não era preciso abusar de tanta hormona ao salto e mamas à mostra. Até Michael Bay, um dos produtores do filme, saiu a maio da ante-estreia chateado com tanto sexo.
Neste Sexta-Feira 13 caem por terra duas tradições de Jason Voorhees. A primeira é ser um empata-fodas, já que nenhum dos jovens é interrompido a pinar; a segunda é o facto de não ter de correr para apanhar as suas vítimas em fuga. Aqui parece a Rosa Mota, prestes a sacar uma medalha na maratona, enquanto mata indiscriminadamente pelo caminho. E, por falar em mortes, todas elas são do mais aborrecido que há: machete pela cabeça, machete pelo peito e até um tipa que se afoga de cansaço enquanto Jason espera na margem que ela volte a terra(!).
Há pouca coisa que interesse realmente em Sexta-Feira 13 e uma delas é o facto de ter o maior prólogo da história dos filmes de terror. São quase dois filmes num só, que permite assim ter o dobro das vítimas. O que, num série que já teve um bodycount superior a centena e meia, é sempre um pormenor a ter em conta. Contudo, tudo o resto é tão pobrezinho que não é suficiente para superar o Happy Meal.Título: Friday The 13th
Realizador: Marcus Nispel
Ano: 2009
Nunca mesmo iria ver este filme, mas agradeço ao realizador pela sua existência, porque fartei de rir-me com a tua crítica.