Empreendedorismo é um palavrão imenso que a sociedade criou nos últimos tempos e nos impingiu para tentar menorizar uma política de austeridade e de precariedade que foi imposta no mundo ocidental, refém de uma crise financeira. Por isso, um filme como O Fundador devia ser visto por todos aqueles que nos andam a tentar convencer que temos que bater punho para enriquecer e que o mundo é um local cor-de-rosa à espera que demos o primeiro passo, como se qualquer pessoa pudesse ser um empreendedor. Como diria aquele poeta brasileiro, chamado Gabriel, o Pensador, aquilo que o mundo nos pede não é aquilo que o mundo nos dá.
O fundador do título do filme é Ray Kroc (Michael Keaton), popularmente conhecido como o criador do McDonalds e do conceito da fast food. No entanto, o filme só nos vem mostrar como Kroc foi apenas um usurpador e um aproveitador que soube pegar no conceito criado pelos irmãos McDonald e transforma-lo numa ideia global e, acima de tudo, milionária.
Tal como A Rede Social não é propriamente sobre o Facebook, O Fundador também não é tanto sobre o McDonalds quanto é sobre a perseverança, a ganância ou a determinação. E prova como o empreendedorismo não serve de nada perante os espertalhões desta vida. Além disso, é ainda uma reflexão sobre a determinação levada ao extremo e um tratado sobre a linha onde a moralidade se transforma em imoralidade. Os fins justificam os meios?
John Lee Hancock, que é um tarefeiro de Hollywood que anteriormente já tinha feito um filme sobre outro tipo que é a encarnação do sonho americano, Walt Disney, limita-se a não comprometer, montando um filme certinho com espaço suficiente para Michael Keaton brilhar. É que é ele o filme todo, carregando-o às costas num one man show que vale, quase por inteiro, o Double Cheeseburger que leva para casa.Título: The Founder
Realizador: John Lee Hancock
Ano: 2016