Um dia vamos ter que começar a analisar os filmes de Jean-Claude Van Damme a partir das suas opções capilares, como já fazemos com Nicolas Cage. E nesse dia, Aliança Mortal vai ganhar um lugar de destaque na filmografia do belga. É que o único penteado que conseguirá rivalizar com estes caracóis selvagens e acenourados será o mullet de Perseguição Sem Tréguas.
Além do penteado, este é provavelmente o papel mais bizarro da carreira de Van Damme. Além de fazer de mau – algo que só aconteceu no início da sua carreira, antes do estrelato de Força Destruidora -, o belga experimenta aqui o overacting, na pele de Xander, um assassino sanguinário e cruel com um forte sotaque francês, vegan e altamente naturalista. Não se percebe se é voluntariamente cómico ou não, mas são estes esteriótipos que dão mau nome aos vegetarianos.
Van Damme lidera então uma gangue de capangas que vai resgatar um carregamento de droga ao largo de uma ilha na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá. Na ilha, além de um velhote eremita, apenas vive o guarda florestal, um ex-militar com macaquinhos no sótão (Tom Evertt Scott). Mas, por azar, nesse mesmo dia, o irmão (Orlando Jones) de um antigo colega do exército decidiu ir à ilha para o matar. A sério, não estou a gozar. E claro, ambos vão enterrar o machado de guerra, aliar esforços e impedir Van Damme i sus muchachos de levarem a sua avante.
Aliança Mortal é extremamente curto, confiando na sua economia série b e não nos deixa ficar propriamente mal. Além disso, tem Van Damme a lutar mesmo, algo que já raramente faz nos seus filmes recentes. E as sequências nem sequer estão editadas daquela forma esquizofrénica que não nos deixa perceber nada. Por isso, porque só o Happy Meal? Porque Aliança Mortal não se esforça minimamente em montar uma tentativa de argumento, não tem nenhum momento propriamente memorável e é altamente esquecível, fora estes fait-divers.Título: Enemies Closer
Realizador: Peter Hyams
Ano: 2013