Todos nós tirámos um doutoramento em viagens no tempo graças ao cinema. Com o Exterminador Implacável 2 aprendemos o paradoxo da predestinação, com o Regresso ao Futuro ficámos a saber tudo sobre linhas temporais e o que acontece se as alterarmos… E com Timecop – Patrulha do Tempo revisitámos a matéria dada, ao mesmo tempo que Van Damme dava rotativos.
A patrulha do tempo de que fala o título deste clássico da ficção-científica xunga de Peter Hyams (ele, um dos realizadores que melhor soube aproveitar os talentos de Jean-Claude Van Damme) é uma espécie de Ministério do Tempo, versão norte-americana. Ou seja, uma polícia cuja função é monitorizar o passado, para que ninguém utilize as recém-descobertas viagens no tempo para irem mexer no que já está escrito e definido.
A vantagem da economia dos séries b é que estas coisas, por mais complicadas que sejam, são sempre simplificadas para que os argumentos possam encaixar mais facilmente. Por isso, Timecop – Patrulha do Tempo é bem explícito no prós e cons de viajar no tempo. Matar uns tipos do sul durante a Guerra Civil norte-americana para roubar ouro ou manipular a bolsa de Wall Street durante a Grande Depressão não faz mal, desde que o viajante não se encontre com o seu eu do passado. Ou melhor, até se podem encontrar, não se podem é tocar, porque a mesma matéria não pode ocupar o mesmo espaço duas vezes. Por isso, se se tocarem transformam-se numa massa liquefeita, que parece uma versão de baixo orçamento do T-1000 quando se derrete.
Também por isto, Timecop – Patrulha do Tempo é muitas vezes descrito como a versão barata de Exterminador Implacável 2, mas é bem diferente do clássico de acção de James Cameron. Timecop – Patrulha do Tempo é antes um policial de viagens temporais, com um Van Damme de luto pela morte da mulher (a sempre saudosa Mia Sara, de O Rei dos Gazeteiros). No fundo, é o habitual Van Damme flick: alguém lhe mata/aleija/rapta a mulher/irmão/melhor amigo e ele vai-se vingar (com direito à espargata da praxe, claro). Mas aqui com viagens no tempo!
Passando-se num futuro não muito longínquo, Timecop – Patrulha do Tempo é, obviamente, uma distopia, cujo baixo orçamento apenas dá para quitar um carro e as armas. No entanto, num filme como este, apenas pedimos uma coisa: que o paradoxo da predestinação funcione e que as mudanças nas linhas temporais não se contradigam. E a grande surpresa é que… Timecop – Patrulha do Tempo funciona. E isso é muito mais do que se pode esperar de um filme xunga de ficção-científica com o Van Damme. Em três filmes que Hyams fez com o belga, este McChicken é de longe o melhor.Título: Timecop
Realizador: Peter Hyams
Ano: 1994