| LISTAS | Os 10 melhores filmes de 2017 do Tio Xunga

Cá estamos nós, amiguinhos. No final de um ano em que lhe apenas raspámos a superfície cinéfila e a criar uma listinha. A julgar, no nosso altar de sapiência. Penso muito nisto, sabem? Normalmente os filmes que se revelam clássicos de determinado ano são filmes que pouca gente vê no ano de estreia e que vão ganhando tração pela aceleração dos tempos. Há imensos exemplos, mas agora não me lembro de nenhum.

O problema que acima referi e que irei martelar noutro parágrafo é a luz ofuscante do blockbuster e do seu punho do marketing que tudo esmaga. Uma pessoa não se consegue concentrar à procura de um filme jeitoso. Um gajo vai ao cinema e setas de néon multicolor e hipnóticas ondulam pelas silhuetas de mulheres semi-nuas de elevado deboche apontando para um filme da Marvel. “Hey rapazão, vais ver esse filme merdoso da América do Sul que foi feito com um orçamento de conchas ornamentais? Não vás! Vem aqui a uma produção da Disney que custou mais do que custaria dotar Africa de condições condignas para viver. Não tem sexo nem nudez, mas morre imensa gente de um modo doloroso e humorístico.” E nós abandonamos esse maravilhoso futuro clássico do cinema da Nicarágua para enfardar duzentos quilos de pipocas e um bidão de água gaseificada com corantes e 55 por cento de açúcar, tudo isto enquanto um exército de adolescentes de cara iluminada vai verificando de 5 em 5 segundos o seu status social no telefone.

E assim somos nós, uns merdas, umas galdérias seguidistas destas coisas do cinema e de tudo o resto. E, com este excesso de autoconfiança, lá vamos fazendo as listinhas. Aqueles pedaços de prosa pela qual os outros nos julgam.

Optemos por um top 10. Está bem assim? Porreiro.

10º Lugar
Alien: Covenant, de Ridley Scott

Sim, sim, poupem-me. Não há nenhum insulto que tenha sido proferido a este filme e ao meu gosto que ainda não tenha ouvido. Gosto na mesma. A subjectividade é isto, uns gostam outros não. Não me importo de ser levado para o universo Alien de 4 em 4 anos, nem que seja para ver o conceito original de Ridley Scott ser abusado como um menino de 5 anos num convento.

9º Lugar
A Babysitter, de McG e Mayhem, de Joe Lynch

Matar, matar, matar. É disto que a malta precisa. Dois filmes ultraviolentos e bem dispostos. Coisas maravilhosas de se ver. A comédia de gore está de volta e em força

8º Lugar
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, de Luc Besson

Se, num exercício de abstracção, for separada esta omnipresente componente CGI, o filme torna-se razoável, diria mesmo que se torna bom. Às vezes não é mau, outras é bom. E isto tem a ver com a narrativa, alguma complexidade extra que o público-alvo deste tipo de produções pode não reconhecer a familiaridade. Não é um filme complicado nem complexo, é mais complicado e mais complexo que a média blockbuster da pipoca. O arco narrativa da resolução do mistério tem muito de Besson e O Quinto Elemento, aquela procura de um tesouro que pode muito bem não ser de ouro e o realce daquilo que realmente interessa na vida. O final é satisfatório e as reviravoltas do enredo são suficientes para que o cinéfilo fique preso à cadeira sem sentir o impulso de consultar o smartphone.

(Isto foi um copy paste da review do blog. Nem li. Espero que não destoe do resto do texto.)

7º Lugar
Sete Irmãs, de Tommy Wirkola

Um filme Netflix que não apareceu no Netflix. Sete irmãs gémeas enfrentam as agruras do mundo real num épico conflito de personalidades. Para o fim torna-se tépido e demasiado forçado, mas o que interessa não é o destino: é a viagem. E uma viagem nem animada com todos os ingredientes combinados de Shakespeare e Rambo.

6º Lugar
John Wick 2, de Chad Stahelski

Nada como um dose de balázio nas trombas para desenfastiar de um dia particularmente nefasto. John Wick 2 não é apenas um filme de acção, é o resgatar de um género que tem sido muito maltratado, é dar-lhe alguma honra e mostrar como as coisas devem ser feitas. Aqui não há edição epiléptica nem MTV, é virar neles com alma, coração e Staedtler Noris® 120 HB.

5º Lugar
Good Time, de Benny & Josh Safdie

Oh céus, que viagem, que emoção, que possível caso de pedofilia. Uma das maiores vantagens do vídeo digital e dos drones é esta possibilidade de filmar belas, longas e bem iluminadas cenas noturnas. Um inesperado docinho que me aqueceu o ano cinematográfico. Músculo e coração num único filme.

4º Lugar
Coco, de Lee Unkrich

Pixar agora só tem 50 por cento de filmes originais. Desde que começou a dar prioridade à venda de bonecos, as coisas não têm corrido bem. Agora é um filme potencialmente bom e um de merda por ano. Ora, Carros 3 foi o equivalente a um saco de estrume de cavalo. Dentro das merdas, a mais valiosa. Coco é outra coisa, é outra dimensão. É a Pixar a abrir-se a terrenos difíceis, a tratar as crianças e adultos com igual respeito. Belas cantorias, maravilhosas imagens. Chorei que nem uma putéfia arrependida. Remember me, lá lá lá lá lá lá, Remember me, lá lá lá lá lá lá.

3º Lugar
Foge, de Jordan Peele

Ora aqui está uma bizarria deliciosa. Um filme de terror usado como um lança-chamas para falar de racismo e preconceito social. Belo e nervoso. Não gostei do fim e a parte científica da narrativa causou-me ligeira indigestão. De resto tudo em ordem. Cuidado com o chá, é o que vos digo.

2º Lugar
A Ghost Story, de David Lowery

Não estava nada à espera de ver este filme. Quer dizer, pensava que isto ia disparar para outro lado. Maravilhosa fotografia e uma bonita história que explica literalmente tudo o que existe. Incluindo de onde vimos, para onde vamos, o sentido da vida e da morte

1º Lugar
Mãe!, de Darren Aronofsky

Oh Cristo, anda cá abaixo ver isto. Cheguei tarde a Mãe! e ainda bem. Percebi que se andou por aí a chafurdar no hype e consequente hate. Como em qualquer estreia desde que a internet foi aberta ao povo. Não querendo aprofundar na filosofia ou cair no spoiler, Aronofsky redime-se do pastelão Noé com o outro lado da moeda, o direito de resposta, a crueza das escrituras e das mitologias que nos atormentam a existência desde que o Homem se começou a documentar. Se a simbologia e a metáfora não for a vossa onda, Jennifer Lawrence sem soutien de certeza que é. Só para a malta tentar perceber como ela é nua, até porque enquanto não houver um leak de fotos pessoais dela nunca saberemos.

 

Falta-me ver tanta coisa de 2017 e mesmo dos que vi se calhar alguns até são melhores que estes. Isso agora não interessa nada, porque é Natal. Ou qualquer outra festividade que esteja perto da data de publicação deste texto.

Feliz [Data Festiva Mais Próxima Deste Texto].

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