Depois de Confissões de uma Namorada de Serviço, Steven Soderbergh experimentou o outro lado da moeda e fez Magic Mike. Ou seja, enquanto que o primeiro era um filme sobre o mercado do sexo feminino, com uma ex-actriz porno como protagonista (olá Sasha Grey, por favor pára de me mandar mensagens), este é um filme sobre o mercado do sexo feminino, baseado nas memórias de stripper do protagonista (olá Channing Tatum). Confissões de uma Namorada de Serviço e Magic Mike são os dois lados da mesma moeda.
Tatum é então stripper, mas não se reconhece muito bem no estilo de vida que leva, com mulheres diferentes todas as noites a cairem-lhe aos pés, por entre os molhos de notas que cobrem o palco onde dança. Enquanto poupa dinheiro para seguir o seu caminho enquanto jovem empreendedor, Tatum passa o testemunho ao novo miúdo do bairro, Adam (Alex Pettyfer). Mas Magic Mike não é tanto um filme sobre passagem de testemunho (ou sobre strip), mas antes sobre a solidão e sobre estar sozinho.
Filmado com o mesmo tipo de realismo estilizado dos seus últimos filmes, Soderbergh tem aqui, no entanto, o mais normal dos seus trabalhos recentes (em comparação com Confissões de uma Namorada de Serviço ou Uma Traição Fatal, para falar dos que estrearam mais próximo deste Magic Mike). Normal no sentido em que lhe falta a experimentação, a vertigem ou um qualquer je ne se quoi que faziam a diferença nos restantes.
Obviamente que este tem um extra que mais nenhum dos outros tem: Matthew McConaughey, que aqui estava a começar a revelar-se como actor a sério, dando mais uma vez o corpo ao manifesto. Na pele do dono sulista do bar de strip, McConaughey até canta, com uma grande pinta, diga-se de passagem, dando aqui o salto definitivo para o mundo da representação com credibilidade, depois de The Paperboy – Um Rapaz do Sul. E, já agora, há que dize-lo sem vergonha: também as coreografias dos números de strip são boas. Um McChicken para Magic Mike.
Título: Magic Mike
Realizador: Steven Soderbergh
Ano: 2012