Swelter – A Vingança está condenado a ser conhecido como o filme do Van Damme e do Alfred Molina (também já chegaste a isto, Molina?), mas na verdade é o filme do Lennie James. Aliás, em relação ao belga, nem se percebe muito bem para que serve a sua personagem, já que está no filme a fazer o mesmo que faz a mesinha de cabeceira do meu quarto: a decorar. Diz duas falas e dá um soco e um pontapé. Espero que tenha justificado o cheque no final.
Graças a The Walking Dead todos sabemos quem é Lennie James. Aliás, neste Swelter – A Vingança, ele faz exactamente o mesmo papel de que na série (e de toda a sua carreira…): um tipo durão, mas bué introspectivo, tão profundo, mas tão profundo, que nem sequer conseguimos ver as suas qualidades de actor.
Lennie James é então parte de um grupo de assaltantes que fica conhecido por Rat Pack, depois de terem assaltado um casino em Las Vegas com máscaras do… rat pack. Faz parte do gangue Jean-Claude Van Damme e Josh Henderson, o líder do bando. Mas o assalto corre mal, vão todos dentro e só Lennie James consegue escapar. Leva o dinheiro consigo, mas igualmente uma bala no cérebro, que o deixa… amnésico.
O heist movie à Os Onze de Oceano fica assim despachado numa cena de abertura e rapidamente somos transportados para uma terreola no meio do deserto, pertinentemente localizada em Death Valley, daquelas onde o tempo custa a passar e se consome a si própria. É lá que James agora vive, como xerife da cidade, que gere com mão de ferro, apesar de não se passar lá nada mais grave do que noites de bingo organizadas pela paróquia. E é lá que o seu antigo gangue vai encontra-lo, após dez anos enfiados na choldra, para recuperarem o dinheiro. Mas primeiro ele terá que recuperar a memória.
Swelter – A Vingança transforma-se assim num alt-western, com um ritmo bastante peculiar e personalidade própria, algo a que não estamos habituados neste cinema de série-b straight-to-video. As personagens têm espaço para respirar e o argumento tempo para assentar, num filme mais reflexivo do que reactivo.
O problema é que, a partir de determinado ponto, Swelter – A Vingança começa a meter os pés pelas mãos. São demasiadas personagens relacionadas entre si por coincidências do menino Jesus, que só servem para engonhar e encher chouriços. Por isso, quando chega o duelo final, ao pôr-do-sol, que arruma com o filme como qualquer filme de caubóis que se preze, já estamos quase a desistir dele. Mas temos que dar o braço a torcer e recompensar o realizador Keith Parmer com um McBacon. Afinal, quando foi a última vez que vimos xungaria que tivesse algo de novo para nos dizer?
Título: Swelter
Realizador: Keith Parmer
Ano: 2014