E eis que, chegados a mais um final de ano, fico em pânico porque me distraí em demasia a fazer binge watching da Academia de Polícia ou da cinematografia de Sho Kosugi e depois não vi nenhum filme actual. O tempo encarregar-se-á de fazer justiça. Entretanto passemos de cabo a rabo os melhor filmes de 2019 segundo a lupa deteriorada deste vosso envelhecido escriba.
11º Lugar
O Boneco Diabólico, de Lars Klevberg
Menção honrosa para este remake do Chuckie que, meu preconceito, achava ser a pior merda, mas que afinal até se safou.
10º Lugar
Joker, de Todd Phillips
Já se disse muito sobre isto. Não amei intensamente. É um lufada de ar fresco no bafiento e artificial mundo dos super heróis.
9º Lugar
The Dirt, de Jeff Tremaine
Pergunta-me o meu anfitrião “Como vais defender os Motley Crue?”. Com unhas e dentes. Os mais terríveis rockstars em termos de disciplina em sala de aula num biopic formidável. Onde Bohemian Rapsody falhou muito, The Dirt falha só um bocado. Um retrato de uma época da qual também participei um bocadinho, se bem que apenas gravava videoclipes dos programas de música da TVE.
8º Lugar
Brightburn – O Filho do Mal, de David Yarovesky
Mais um simples filme com uma premissa simples, confinado em âmbito e fiel aos objectivos. Brighburn – O Filho do Mal é a velha história do evil Superman que usa o mundo com o seu parque de diversões. Violento, abusivo, negro e controverso. É de ver.
7º Lugar
Midsommar – O Ritual, de Ari Aster
Divisório, fraturante e com todos os elementos necessários para um futuro filme de culto, Midsommar – O Ritual preenche quase 3 horas numa imensa trip cinematográfica de ilusões, alucinações, provas de amizade e amor, rituais pagãos, um cheirinho a Fuga no Século XXIII versão social democracia e martelo gigantes de esmagar cabeças. É certo que frusta um pouco a narrativa não ir na direção das nossas expectativas e se manter muito linear no caminho contemplativo em direção ao punchline. Um filme bonito e que preenche muito. Preenche o quê? Isso agora é é convosco.
6º Lugar
Rastejantes, de Alexandre Aja
Às vezes só queremos mesmo chegar a casa, tirar os sapatos, despir as calças, tirar o resto da roupa, ficar em pelota no sofá, carregar no play e ver um simples filme de terror à base de animais tresloucados e humanos encurralados. E este é perfeito para esses dias em que a simplicidade honesta basta.
5º Lugar
Toy Story 4, de Josh Cooley
Oh céus, eis que após uma trilogia perfeita Toy Story está de regresso. Um risco, é certo! Será que a Pixar vai borrar uma perna até ao joelho com esta tentativa descarada de vender mais bonecos? Nada disso. Um filme com amor a perder de vista, maturidade em brinquedos e um pouco de óleo nos nossos enferrujados corações.
4º Lugar
Era uma Vez em… Hollywood, de Quentin Tarantino
Tarantino está de volta com o seu coiséssimo filme. Desta vez uma fantasia technicolor numa realidade alternativa nas vizinhanças de Charles Manson e sus muchachos. É, para mim, um filme top 3 de Tarantino.
3º Lugar
O Filme do Bruno Aleixo, de João Moreira e Pedro Santo
É de 2019, estreia em 2020. O Filme do Bruno Aleixo é a mais competente transformação de uma série de sketches curtos em longa metragem do cinema português. Um humor afiado à base de leitão da bairrada e cornetos de bolacha mole, a equipa por detrás de Bruno Aleixo continua com um vigor digno de Rocco Siffredi.
2º Lugar
Mutant Blast, de Fernando Alle
Volta a confusão com os filmes do ano. Mutant Blast é de 2018 mas estreou em 2019. Para mim conta como 2019. E conta também como um dos melhores do ano. Ora vejamos, um filme Troma, um festival de criatividade, tecnicamente competente, gore à fartazana, com imensa piada e feito à medida para mim? É um filme do caralhão, é o que é. Fernando Alle é também, além de talentoso realizador e técnico de efeitos especiais, uma das pessoas mais trabalhadoras do cinema português.
1º Lugar
John Wick 3 – Implacável, de Chad Stahelski
John Wick 3 levou ali a meio uma inflexão e apaneleirou ligeiramente. Depois redimiu-se de uma maneira gratuita mandando a lógica às urtigas. No entanto ficam cenas de ataques sincronizados com equipas de cães assassinos, cavalos usados com armas de arrombamento, batalhas sobre motas, facadas no olho e Mark Dacascos. Não sei vocês, mas para mim é mais que suficiente para ficar agradecido por um John Wick dois em dois anos para o resto da eternidade.
ADENDA
Marriage Story, de Noah Bumbauch
Visto que este texto foi feito em Janeiro e só agora foi publicado, achei por bem falar em mais um filme. Podemos concordar que este Marriage Story teve o mesmo efeito nos homens de meia-idade que o Assim Nasce Uma Estrela teve nas mulheres em idade reprodutiva?