| LISTAS | Os Melhores Filmes de 2017

Depois das listas ilustres – obrigado à Kika Magalhães, ao Diogo Augusto, ao Tio Xunga, ao Francisco Rocha e à Sara Galvão -, é chegada a vez de também nós revelarmos o que de melhor vimos em 2017. Por isso, podem parar com os emails a insistir. Sem mais demoras, eis os melhores 10 filmes do ano que agora findou.

10º Lugar
São Jorge, de Marco Martins e A Fábrica de Nada, de Pedro Pinto


A recente crise nacional continua a dar excelentes filmes, que já são conhecidos como os filmes da troika. Depois da trilogia de Miguel Gomes de As Mil e Uma Noites, 2017 deu-nos mais dois títulos que entram directamente para este grupo, lado a lado. São filmes que mergulham no Portugal real, que nada tem a ver com a altamente inflaccionada (a todos os níveis) Lisboa (e Porto), dos milhares de visitantes e prémios de turismo mais ou menos fajutos, sobre resistir à crise, em experiências comunitárias ou próximas de um cinema real, que podiam muito bem ser documentários.
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9º Lugar
Dunkirk, de Cristopher Nolan


Antes da estreia de Star Wars – Os Últimos JediDunkirk foi o filme que mais debates acalorados provocou na internet, tendo sido inclusive responsável pelo final de algumas longas amizades e de um ou outro casamento. Como tem sido costume, Cristopher Nolan voltou a dividir a crítica. Aqui neste imodesto tasco cinéfilo, fomos dos que nos pusemos do seu lado. Dunkirk é um survival movie mascarado de war movie, mas se tivessemos de falar de filmes de guerra, a referência aqui será sempre Barreira Invisível, de Terrence Mallick: um filme contemplativo, com poucos diálogos, que depois de hora e meia a raspar no osso, desprovido de qualquer esperança, termina numa xaropada tremenda a forçar o tearjerker.
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8º Lugar
O Quadrado, de Ruben Ostlund


Não tinha ficado propriamente entusiasmado com Força Maior, o filme anterior de Robert Ostlund, mas este O Quadrado justifica por completo a Palma de Ouro e todas as loas que lhe foram tecidas. Algures entre um humor que tanto podia ser de Woody Allen como de Roy Andersson, O Quadrado é uma reflexão sobre a diferença (abismal) entre o querer e o ser e uma metáfora corrosiva sobre o mundo da arte.
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7º Lugar
Foge, de Jordan Peele


Já tudo foi escrito sobre Foge, o filme de Jordan Peele que tanto pode aparecer nestas listas porque se gostou realmente dele, como para se parecer politicamente correcto. Seja qual for a razão, ainda bem que aparece. Porque isto significa que mais pessoas irão vê-lo. E quantos mais forem os que virem Foge, mais são aqueles que vão perceber o que é pertencer a uma minoria e como a discriminação racial é uma realidade em… todo o lado. A única coisa má é a parte sci-fi, bastante parvinha para um filme tão certeiro.
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6º Lugar
O Outro Lado da Esperança, de Aki Kaurismaki


Aki Kaurismaki, o Jarmusch finlandês, regressa aos filmes (ele que anuncia aqui a sua reforma precoce) para acertar contas com os seus congéneres menos tolerantes, numa história sobre refugiados na Finlândia. No entanto, os sinais orientadores de Kaurismaki continuam os mesmos: um humor tão absurdo que se torna quase desconfortável, um cinema espartano que filma apenas aquilo que é essencialmente necessários, personagens bizarras (e fumadoras!), a luz recortada e a banda-sonora diegética cheia de blues finlandeses.
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5º Lugar
Os Olhos de Minha Mãe, de Nicolas Pesce


Um filme de terror em que uma portuguesa ouve Amália e faz cabidela com o arroz dos homens que mata podia ser apenas uma curiosidade excêntrica no enésimo filme de terror chegado de Hollywood. Mas Os Olhos de Minha Mãe é mais do que isso. É, inclusive, um dos filmes de 2017. É um southern gothic de terror, filmado por Nicolas Pesce num preto e branco de alto contraste e com uma cinematografia bem elegante, que não faz saltar da cadeira, mas deixa os cabelos dos braços arrepiados alguns momentos.
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4º Lugar
Aquarius, de Kléber Mendonça Filho


É mais um filme sobre resistir à crise e aos avanços do capitalismo em detrimento do humanismo, também falado em português como os dois títulos que encimam esta lista ex-aequo, mas que nos chega do outro lado do Brasil. Kléber Mendonça Filho e Sónia Braga mostram-nos que o cinema brasileiro actual é muito mais do que Tropas de Elite e Cidade de Deus, num filme sobre um edifício no Recife que tanto serve de narrador à história recente do Brasil como de metáfora ao impechment de Dilma e ao golpe de Temer.
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3º Lugar
A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas, de S. Craig Zahler


Por alguma razão, A Desaparecida, o Aleijado e os Trogloditas passou praticamente despercebido dos radares cinematográficos. Talvez porque parece em demasia um neo-western, cujo título português até presta homenagem ao western spaghetti, as pessoas não se deram ao trabalho de o ir ver. Mas e se vos dissermos que, aqui, os caubóis têm que enfrentar umas criaturas tipo Predador? Esta faceta mística, mais uma violência gráfica muito crua (muito Peckinpah, muito John Hillcoat), fazem dele um dos grandes filmes de acção de 2017.
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2º Lugar
O Ilustre Cidadão, de Gastón Duprat & Mariano Cohn


Mais um belo filme que parece ter passado despercebido a muito boa gente. Felizmente estamos aqui nós para combater essa injustiça. Vá, vão lá ver esta obra argentina sobre um escritor que regressa à sua terra natal, décadas depois de ter emigrado para Espanha, para se perder na aparente normalidade de um lugarejo no fim do mundo. Lembra-se de Fim-de-semana Alucinante e dos seus rednecks? Ainda bem que se lembram.
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1º Lugar
Mãe!, de Darren Aronofsky


Mãe! são dois filmes num só. De um lado, é um thriller psiscológico, com tanto de Kubrick quanto de Roman Polanski (especialmente o da trilogia dos apartamentos); por outro é um filme bíblico, como nunca antes foi feito um filme bíblico. Darren Aronofsky redime-se do desastre que foi o anterior Noé e dá-nos um filme-cebola, cheio de camadas de interpretação, com uma Jennifer Lawrence em estado de graça. A internet (e o mundo em geral, do qual a internet é um espelho de ampliação) dividiu-se entre o amor e o ódio extremo ao filme. Nós damos-lhe todo o nosso amor e xi-corações.
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