Mas que ano do demo. Parece que só vi lixo neste ano de 2023, numa dieta intensiva de serviços de streaming, pipocadas e sei lá mais o quê. Foram só indigestões e barrigadas de fome. E de quem é a culpa?, perguntam vocês. Claro, é só minha. Mas ao menos permite-me fazer uma lista extensiva com o pior do ano.
7º Lugar
Lamborghini – O Homem por Detrás da Lenda, de Bobby Moresco
Ainda me lembro quando, no ano passado, mais ou menos por esta altura, alguém escrevia no Guardian um artigo de opinião sobre os melhores filmes do ano que provavelmente não tinha visto e lá tinha espetado este Lamborghini – O Homem por Detrás da Lenda, o biopic sobre o fundador da, precisamente, Lamborghini. Deveria ter cheirado a xungaria à distância quando vi o nome de Frank Grillo no papel principal, mas estava demasiado dormente por estar entusiasmado com o filme. No entanto, no final é só um biopic demasiado glorioso, quase sem carros e em que Grillo não dá um único rotativo pela cara de ninguém.
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6º Lugar
O Filho, de Florian Zeller
Eu sei que a culpa é minha, mas eu gostei de O Pai. O Filho é a inevitável sequela e é tudo aquilo que o filme anterior prometia e depois não cumpria: um pastelão cheio de lugares-comuns, altamente manipulador e constantemente a forçar o tearjerker. E depois temos que ser realistas: quem quer fazer um Temos de Falar Sobre Kevin precisa de um Ezra Miller e não de um Zen McGrath. Quem? Exacto.
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5º Lugar
M3gan, de Gerard Johnstone
Em 2023, os filmes de terror variaram todos entre dois temas: ou filmes de criatura com jovens em que o monstro canaliza todos os traumas de infância; ou filmes sobre a ameaça da inteligência artificial. M3gan insere-se neste segundo grupo, numa proposta que cruza a ascensão das máquinas do Exterminador Implacável com os bonecos possuídos tipo Chucky, O Boneco Diabólico. Nada de errado nessa proposta. O problema é que a seguir é sempre a descer. M3gan, a boneca toda modernaça que se torna numa ameaça super-protectora da sua dona, parece uma mana Olsen, faz doenças sensuais antes de matar as suas vítimas e escolhe David Guetta para a canção de conforto do filme. Tudo bué cringe, como diz a malta jovem. hoje em dia.
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4º Lugar
Beau Tem Medo, de Ari Aster
Todos os anos há um ou dois filmes que entram na lista dos piores do ano, não por serem necessariamente mas, mas por serem desilusões. A culpa é nossa, que já temos idade suficiente para não estar a colocar expectativas elevadas em realizadores só porque gostámos dos trabalhos anteriores deles. Mas o que fazer? Hereditário e Midsommar – O Ritual são realmente bons. Por isso, Beau Tem Medo é uma desilusão tremenda. E, pior que isso, é que é também de uma presunção que nem sequer faz sentido.
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3º Lugar
O Exorcista – Crente, de David Gordon Green
O franchise de O Exorcista recomeça de novo, esta vez com David Gordon Green ao leme, ele que já tinha refeito o Halloween com resultados… interessantes. Neste caso, acontece precisamente o oposto. O Exorcista: Crente pode ter cameo especial da Linda Blair, que mesmo assim não vale a pena o celulóide gasto. É um filme que funciona numa lógica de acumulação de ideias, sempre mais perto do super-hero movie do que do filme de posessão. Diz a história (ou melhor, disse o crítico Ed Whitfield) que, quando William Friedkin soube que o realizador de Alta Pedrada ia fazer o reboot do seu filme, lhe disse que, quando morresse iria assombrar para sempre a vida de David Gordon Green. Espero que mantenha a promessa.
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2º Lugar
Winnie-the-Pooh – Blood and Honey, de Rhys Frake-Waterfield
Em 2022, o Ursinho Pooh entrou para domínio público e logo um oportunista realizador chamado Rhys Fake-Waterfield anunciou uma versão de terror em imagem real das personagens criadas por A. A. Milne e E. H. Shepard. Quanto a vocês não sei, mas eu engoli logo a ideia. Não estava era à espera de um série b de baixo orçamento com criaturas com máscaras de borracha que não mexem e de um proto-slasher com ausência total de história, num torture gore altamente desinspirado. Foi para isto que Wes Craven fez o The Last House on the Left?
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1º Lugar
Tudo na Boa!, de Gene Stupnitsky
Tudo na Boa! foi o pior filme que vi este ano. Não percam já a seguir uma entrevista com o esquimó que se queixa que está frio no Pólo Norte.
Sim, eu sei que é parvo queixar-me da chuva ser molhada, mas mesmo uma comédia pateta com as hormonas aos saltos como esta me espantou. Primeiro, como é que em 2023 surge um filme de um grande estúdio com problemas em compreender o consentimento; e, segundo, como é que J-Lae se prestou a isto? Até porque há lá aquela cena em que ela luta na praia com um grupo de bullies em nu integral que deveria ser a razão pela qual recordamos o filme. Só que não é.
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