| LISTAS | Os Melhores Filmes de 2022

À primeira vista, 2022 parece ter sido um ano com poucos graaaandes filmes, mas com muitos filmes interessantes. Ou seja, foi um ano consistente do ponto de vista cinematográfico. Ou então fui eu que vi poucos filmes. A verdade é que o panorama mudou pouco: os super-heróis continuam a dominar a produção de grande escala, a Disney mantém o monopólio disto tudo, a DC continua a escavar o seu próprio buraco, há cada vez mais streaming e, consequentemente, mais dispersão de conteúdos. E de entre isto tudo estes foram os meus melhores filmes do ano.

9º Lugar
Restos do Vento, de Tiago Guedes

Existem poucas tradições em Portugal mais parvas do que a dos catetos. Só a praxe, claro. Esta frase valeu-me o único hate mail de 2022 (nem sequer quando defendi que o Reino da Caveira de Cristal não era pior que o Templo Perdido recebi mensagens de ódio). Restos do Vento está aí para me dar razão. O regresso de Tiago Guedes aos territórios do fantástico é um belo filme, um Sleepers – Sentimento de Revolta à portuguesa, e a única entrada de um filme português nesta lista. Talvez porque ainda não vi o Fogo-Fátuo, tão bem recomendado pelo grande John Waters (aquele que, na verdade, é o único que interessa conferir a lista dos melhores do ano).

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8º Lugar
Cordeiro, de Valdimar Jóhannsson

Cordeiro é uma versão alternativa do Black Sheep e o filme que estabelece definitivamente o género da sheepexploitation. Cordeiro vem da insuspeita Islândia, com o selo de qualidade da A24 e a bela Noomi Rapace como protagonista, e com o habitual minimalismo nórdico monta um filme entre o atmosférico e o (por vezes demasiado) simbólico, que explora a ideia da maternidade e a dicotomia do Bem contra o Mal de uma forma pouco ortodoxa. Se 2021 foi o ano das marionetas, com Annette, 2022 é o ano dos cordeiros.

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7º Lugar
Das Profundezas, de Michelangelo Frammartino

Por vezes surgem filmes assim, impossíveis de catalogar. Nada que surpreenda em Michelangelo Frammartino, ele que já nos tinha dado outro OFNI (Objecto Fílmico Não-Identificado) antes:  As Quatro Voltas. Das Profundezas mistura o cinema etnográfico com uma aventura espeleológica, quebra a linearidade narrativa e monta um conjunto de planos expressionistas que fazem do filme algo estranho, mas do qual não conseguimos desviar o olhar.

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6º Lugar
Os Fabelmans, de Steven Spielberg

A grande discussão sobre Os Fabelmans passa por decidir se este é o melhor filme de Steven Spielberg desde As Aventuras de Tintin ou o Munique. Pela primeira vez temos um filme que junta o Spielberg lúdico com o Spielberg sério. Os Fabelmans é uma história meio-biográfica, que faz juras de amor ao cinema, tem David Lynch no cameo do ano e mostra como Michelle Williams cresceu.

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5º Lugar
Elvis, de Baz Luhrmann

Elvis é a biografia oficial de Elvis Presley para todos aqueles que não gostam de Elvis Presley. É que os fãs do Rei vão odiar as incongruências factuais da vida de Elvis, os exageros de Baz Luhrmann ou o facto de haver hip-hop na banda-sonora. Meu Deus, o desplante! A verdade é que, tal como Moulin Rouge!, Elvis é um desvario extravagante, que procura captar o espírito de Elvis em vez da vida de Elvis. Já todos conhecemos Luhrmann, estávamos à espera do quê? Eu achei graça. Só é pena o boneco fatelo que Tom Hanks faz do coronel Tom Parker.

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4º Lugar
 Apolo 10 1/2 – Aventura na Era Espacial, de Richard Linklater

Richard Linklater regressa à rotoscopia e utiliza a corrida ao espaço, dos anos 50 e 60, para criar o mais alternativo coming of age do ano (e 2022 teve muitos coming of ages, incluindo um com canibais). Apollo 10 1/2 é um feel good movie que utiliza como combustível a nostalgia desse período e que ainda presta tributo, de forma mais ou menos indirecta, a Judith Love Cohen, a mulher que criou o mecanismo que permitiu fazer regressar sãos e salvos os astronautas da Apollo 13 – o seu filho, Jack Black, dá voz ao protagonista do filme. Chapéu!

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3º Lugar
Swallow – Distúrbio, de Carlo Mirabella-Davis

Estreou de forma discreta nas nossas salas de cinema (o filme é de 2019(!)) e discreto passou, sem deixar grande lastro. Já aqui tinha destacado Swallow – Distúrbio, mas assim posso voltar a falar nele. Swallow – Distúrbio é um filme sobre a obsessão, uma espécie de A Pianista, mas em que a obsessão sexual é substituída por uma obsessão em engolir coisas. Perturbador por vezes, uns pozinhos de body horror e um lugar no pódio das melhores estreias nacionais de 2022.

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2º Lugar
Três Mil Anos de Desejo, de George Miller

Toda a gente sabe que George Miller tem a filmografia perfeita: a série Mad Max e o pouquinho chamado Babe. Mas os seus fãs mais acérrimos também sabem que ele é um romântico inveterado, porque são os únicos que viram Acto de Amor. Três Mil Anos de Desejo recua à tradição milenar da transmissão oral de histórias, mitos e tradições e conta uma bela história de amor, que não tem problemas em divagar pelo grotesco, para nos dar a sua visão muito particular do amor enquanto força motriz do mundo.

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Lugar
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo, de Dan Kwan & Daniel Scheinert

Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo pode ser o melhor filme de 2022. Em que outro filme podemos ver durante largos minutos um diálogo incrível entre dois calhaus, com panorâmicas, campo-contra-campo e pans em que não se passa absoluta e literalmente nada? Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo é uma extravaganza de estilos, géneros e coisas a acontecer, que cumpre o que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura prometeu e que tem ainda a proeza de ir buscar, décadas depois, o miúdo do Templo Perdido (já vos disse que o Reino da Caveira de Cristal não é pior que o Templo Perdido).

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